Rota com trem de Alckmin da Paulista até Cumbica pode levar 2 horas.



O trem recém-inaugurado por Geraldo Alckmin (PSDB) para ligar a capital paulista ao aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (Grande SP), pode ser uma opção barata, mas a viagem completa pela rede sobre trilhos é demorada e com transtornos aos usuários.

Um teste feito pela Folha no sábado (7) mostrou que, a partir da avenida Paulista, esse deslocamento (incluindo caminhadas, baldeações, espera em plataforma e tempo dentro do metrô e do trem) pode superar duas horas.

A demora, além de ser maior que a do ônibus executivo, chega a ser até três vezes a de quem faz essa viagem de carro, por meio de táxi ou Uber.

O trem da linha 13-jade, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), passou a ser opção para ir a Cumbica no fim de março. O trecho liga a estação Engenheiro Goulart, na zona leste, à estação Aeroporto.

Por enquanto, ele ainda está em fase de testes, só aos finais de semana, das 10h às 15h, com intervalos de até 30 minutos. Ao longo dos próximos meses, haverá ampliação de dias, horários e de serviços —no segundo semestre está previsto um trem expresso a partir da estação da Luz.

A expectativa pela rede de trilhos da capital ao aeroporto de Cumbica vem desde 2002, quando Alckmin prometeu terminá-la até 2004.

O tucano, que renunciou ao governo na sexta (6) para se candidatar à Presidência, fez uma maratona de inaugurações de estações incompletas dias antes de sair do cargo.


CRONÔMETRO

O trajeto testado pela reportagem, com saída na av. Paulista, em frente ao prédio da TV Gazeta, a partir das 10h30, foi feito com quatro modalidades de transporte: metrô combinado com trem, táxi, Uber e ônibus executivo.

O destino era a região de embarque do terminal 2 do aeroporto de Guarulhos.

A demora para utilizar a nova linha 13-jade foi agravada por outros obstáculos, como a necessidade de utilização de um micro-ônibus para chegar nos terminais —apenas essa etapa já pode representar mais de 20 minutos.

O trajeto de metrô e trem levou 2h10min na ida e 1h49min na volta. De carro, a demora foi de 38 e 50 minutos de táxi e de 53 e 58 minutos de Uber (já contando a espera pelo veículo após ele ser chamado).

A viagem de ônibus executivo chegou a 1h55min e 1h50min, mas agravada pela espera para a partida —já que todos os repórteres saíram no mesmo horário, sem programação prévia para coincidir com a hora de saída desse veículo. Sem isso, a viagem variou de 57 minutos a 1h16min.

O serviço Airport Bus Service tem saídas com horários fixos, mas, aos fins de semana, existem menos opções, dependendo do ponto de partida.

Por outro lado, a opção pelo novo transporte público é, disparada, a mais barata: R$ 4, com metrô e trem (o uso apenas deste último por enquanto é gratuito, por estar em etapa de testes).

O ônibus executivo, segundo melhor preço, custa R$ 50 por trajeto. A tarifa de Uber custou entre R$ 59 e R$ 73. De táxi, entre R$ 89 e R$ 150.


TRANSFERÊNCIAS

Da estação Trianon, na linha 2-verde de metrô, ao destino final, foram cinco baldeações, incluindo a mudança para um micro-ônibus gratuito, operado pela GRU Airport, que leva aos terminais.

Nas trocas de trens, há percursos longos, como a mudança do metrô para a CPTM na estação Brás. Só ali a caminhada levou sete minutos.

O trajeto de trem entre Engenheiro Goulart e Aeroporto levou entre 14 e 15 minutos.

A maioria dos passageiros que a Folha encontrou era de funcionários do terminal aéreo ou gente a passeio, para conhecer a nova linha. Viajantes com malas eram raros.

Funcionário da CPTM, Cláudio do Nascimento, 47, saiu de Osasco (Grande SP) com familiares e foi até a nova linha para conhecê-la. Ali, posou para fotos na plataforma da estação e, no trem, fotografou os parentes e registrou a rota pela janela.

“Viemos pela curiosidade. Nada mais do que apreciar a nova estação, um novo meio para ir ao aeroporto”, disse. Ele afirmou ter gostado da viagem, mas que esperou “bastante tempo” pelo trem.

O cozinheiro Wellington Moreno, 47, registrou tudo com um tablet. “Quando for para Pernambuco, nas minhas próximas férias, vou pegar esse trem”, disse.

Saindo da estação de trem, a espera pelo micro-ônibus que levava aos terminais teve informações desencontradas.

No local, funcionários disseram que ele iria apenas ao terminal 1. Depois, apenas ao 2 e ao 3. No fim, acabou parando em todos os terminais.

Devido à deficiência de informação, na volta a reportagem pegou um ônibus que iria ao terminal 1 e, dali, outro rumo à parada da CPTM.

Questionada, a CPTM ressaltou que a linha 13 está em operação assistida. “Portanto, a comparação de tempos de viagem, neste momento, com os meios de transporte que já operam comercialmente é prematura.” Em relação ao micro-ônibus que vai ao terminal, disse ser uma responsabilidade da concessionária do aeroporto.

Fonte: Revista Ferroviária